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"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"

sábado, 10 de março de 2012

Caça

6-21. REGRAS GERAIS

a. A maior parte dos animais de sangue quente e com pêlos são cautelosos e difíceis de se deixarem apanhar. Para caçá-los será preciso habilidade e paciência; o melhor método será o chamado de “ESPERA” (Fig 6- 36), cujo tipo, altura e comodidade ficarão a critério do caçador. Os locais mais indicados para uma espera serão uma trilha, um bebedouro ou um comedouro.

Fig 6-36. Um tipo de espera

b. O caçador deverá construir sua espera segundo a direção do vento, isto é, o vento deverá levar ao caçador o cheiro da caça, e não o contrário.

c. O silêncio será fundamental. Se o caçador quiser seguir uma caça, poderá fazê-lo, mas terá que caminhar lentamente e com segurança; o vento terá de soprar, durante todo o tempo da perseguição, no sentido do animal para o homem. Só deverá avançar quando ele estiver comendo ou olhando para outro lado que não o do caçador, devendo este permanecer imóvel, se o animal levantar a cabeça em sua direção.

d. Os períodos mais recomendáveis para caçar serão entre 4:00 e 6:00 horas e entre 18:00 e 21:00 horas.

e. A caça deverá ser mais abundante e fácil de ser encontrada nas proximidades de água e nas clareiras. Ao caminhar, observar com atenção o terreno a fim de descobrir sinais de caça: trilhas, vegetação rasteira pisoteada, excrementos ou restos de comida e, mesmo, ruídos característicos. Quando se estiver percorrendo uma trilha, essa atenção deverá ser redobrada, pois o animal poderá surgir a qualquer momento.

f. Muitas espécies de animais vivem em buracos, nos ocos das árvores ou no chão. No primeiro caso, para pegá-los, tampam-se todos eles, menos um, o qual será remexido com uma vara comprida e flexível, ou enchido de água, para forçar a saída do animal; quando isto se der, uma pancada forte na cabeça será suficiente.

g. A caça noturna geralmente dará bom resultado, pois a maior parte dos animais se movimenta à noite. A luz de uma lanterna ou de um archote, projetada nos olhos do animal, torná-lo-á parcialmente cego, o que permitirá maior aproximação do caçador que, se não possuir arma de fogo, procurará abatê-lo com uma lança (pau com ponta afiada) ou mesmo com uma paulada. Os chamados “olhos sem corpo” não deverão perturbar o caçador, pois serão apenas o resultado dos reflexos da luz nos olhos de aranhas e insetos.

h. Animais de grande porte, quando feridos ou quando protegem os filhotes, são perigosos. Antes da aproximação para recolher a caça abatida, será conveniente certificar-se bem de que ela esteja realmente morta.

i. Rãs existirão de todos os tamanhos; à noite, na beira das águas, poderão ser pegas com as mãos, após focá-las com lanternas ou archote; de dia, com um caniço fino, espetando-as. Não devem ser confundidas com os sapinhos venenosos ou com o sapo-cururu.

j. Cobras também serão comestíveis, para pegá-las, poderá ser usada uma vara comprida com forquilha na ponta, com a qual se prenderá o “pescoço” do ofídio, matando-o em seguida com uma pancada na cabeça, de preferência, a fim de economizar munição.

l. Lagartos também poderão ser laçados ou fisgados com vara.

m. Tartarugas vivem na água, mas costumam vir a terra, quando, então, serão presas fáceis. Após capturadas, deverão ser viradas de pernas para o ar, em lugares onde não haja pontos de apoio que permitam que se desvirem por si. Será necessário, apenas, ter cuidado com a boca e as garras do animal. Quando elas fugirem para a água, irão esconder-se pousando na areia do fundo; neste momento, poderão ser fisgadas ou arpoadas. Até com anzol, tendo como isca pedaços de palmito, poder-se-ão pegá-las. Existem várias espécies de tartaruga; tracajá e viração são as mais encontradas, sendo a segunda, de grande porte, somente encontrada em grandes rios ou lagos, onde existem boas praias.

n. O jabuti, chamado “a tartaruga do seco”, aprecia toda e qualquer variedade de frutas, além de comer ervas e carnes. Costuma viver em troncos ocos de árvores caídas. Para caçá-lo, bastará fazer fogo em uma das bocas do tronco, ou fustigá-lo com uma vara comprida. Não morde, nem arranha.

o. Os pássaros não deverão ser desprezados como futuros alimentos. Para caçá-los, a melhor arma será a atiradeira (bodoque, baladeira, lançadeira, estilingue), pois não valerá a pena gastar munição.

p. Aves grandes, como mutum, jacu, jacamim, uru, nhambu, poderão ser caçadas a tiro ou por meio de arapucas. Serão encontradas, normalmente, nas árvores frutíferas, próximas das águas. Seus ninhos, quando encontrados, poderão fornecer ovos, todos eles comestíveis.

q. As trilhas serão os caminhos normais percorridos pelos animais da floresta. Sobre o solo deverão ser procurados ratos, porcos-espinhos porcosdo- mato, pacas, veados, tatus, antas, cutias etc. Onças, gatos-maracajás e jaguatiricas raramente serão avistados, mas, se o forem, fornecerão também caça para alimentação. Nas árvores serão procurados macacos, morcegos, esquilos, quatis e ratos.

6-22. PRINCIPAIS ARMADILHAS

a. Chiqueiro - São armadilhas para pegar onça ou gato-maracajá. Quando destinadas à primeira, não haverá necessidade de serem assoalhadas, mas para o segundo sim, com madeira dura (paxiúba, por exemplo). Quando para onça, deverá ter um outro compartimento na parte de trás, onde será colocada a isca (qualquer animal vivo); quando para o gato-maracajá, não haverá necessidade desse compartimento, pois a isca será carne, vísceras ou peixe. O importante nessa armadilha será o gatilho que a fará funcionar, composto de madeiras e cipós, e cuja construção dependerá da habilidade do caçador (Fig 6-37).

Fig 6-37. Chiqueiro (Obs: para manter qualquer felino no seu interior os troncos deverão estar unidos uns aos outros, assim a armadilha terá firmeza e solidez)

b. Mundéus (Fig 6-38 e 6-39) - Muito empregados para pegar tatus (china, canastra, quinze-quilos, peba, bola), baseiam-se no peso do próprio tronco que, quando cai por desarme do gatilho, atingirá o animal. Serão construídos sobre as trilhas ou próximos às tocas, e não precisarão de isca. Quando associados a um laço, poderão apanhar animais maiores.

Fig 6-38. Mundéu

Fig 6-39. Mundéu associado a laço

c. Arapuca (Fig 6-40) - Normalmente usada para pegar jacu, jacamim, mutum, etc, ou seja, aves grandes.

Fig 6-40. Arapuca

d. Alçapão - Consiste de um buraco fundo, cuja boca será coberta de varas finas e folhagem, a fim de camuflá-la. Poderá ou não ser colocada uma isca; se for o caso, terá a vantagem de atrair pelo cheiro. e. Laços - Grande será a variedade de laços, nos quais se colocarão, ou não, iscas, de acordo com a caça pretendida. As figuras 6-41 e 6-42 apresentam alguns tipos.

Fig 6-41. Laço com dois tipos de gatilho

Fig 6-42.Outro tipo de laço

f. Armadilha com arma de fogo - A arma a empregar poderá ser uma pistola, revólver, espingarda de caça, etc. A pontaria deverá ser amarrada de acordo com a altura provável da vítima e sobre a trilha; praticamente, as seguintes medidas são adotadas: uma chave (um palmo), para paca; antebraço- mão, para veado; e braço-mão, para anta. O gatilho (não o da arma) será disparado quando o animal topar com uma das patas no cordel de tropeço distendido sobre a trilha (Fig 6-43).

Fig 6-43. Armadilha com pistola

6-23. RECOMENDAÇÕES FINAIS

a. As armadilhas deverão ser montadas antes do cair da noite e nas partes mais estreitas das trilhas; quando se quiser canalizar o animal em direção a uma delas, bastará construir um “túnel”.

b. Os laços deverão ter suas aberturas calculadas para deixar passar a cabeça do animal, e não o seu corpo. Os de enforcar e suspender terão duas vantagens: matar rapidamente e colocar a caça fora do alcance de outros animais.

c. É conveniente macerar folhas de árvores, misturar com água e aplicar a solução no local da armadilha, visando não permitir que odores estranhos à região afastem o animal.

d. Tudo o que se construir durante a montagem de uma armadilha deverá ser muito bem camuflado, para não despertar suspeitas.

e. Os locais em que forem carneadas as caças poderão atrair outros animais; neles será, portanto, aconselhável e vantajoso colocar armadilhas.

f. Toda a equipe na sobrevivência deverá conhecer a localização e não poderá andar nas trilhas dos animais e, por motivo de segurança, as “áreas de matar” devem ser evitadas.

Texto e Foto - Reprodução

Fonte: Web

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