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"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"

sábado, 10 de março de 2012

Navegação

4-5. GENERALIDADES

a. Navegação é o termo que se emprega para designar qualquer movimento terrestre ou fluvial, diurno ou noturno, através da selva.

b. Não se dispondo de bússola, a navegação terá de ser feita como for possível. Se houver um guia, normalmente chamado “mateiro”, conhecedor da região, não haverá maiores problemas; em caso contrário, a navegação será difícil.

c. Quando se encontrar uma trilha aberta por ser humano, geralmente ela conduzirá a um lugar de salvação. Se a trilha for de animal - difícil de identificar por quem desconhece a selva, mas possível - provavelmente ela conduzirá a um local de água (bebedouro). Se este bebedouro for um igarapé, poder-se-á segui-lo na direção da corrente, fato que deverá conduzir a um curso de água maior, e daí, por sua vez, a um local que permita a sinalização terra-ar ou onde haja habitante ribeirinho. Caso o curso de água desemboque em lagoa ou lago, do mesmo modo haverá melhores condições para a sinalização.

d. Se um elemento perder-se do grupo, poderá ser encontrado lançando mão de gritos e de apitos; se possuir arma, dará 2 tiros, o que já é convencional na selva; poderá também bater com qualquer pedaço de pau em certas raízes expostas de árvores (sapopemas), o que produzirá um som que reboará até determinada distância. Se tentar uma navegação em busca do grupo, deverá, à medida que se deslocar, ir marcando o caminho percorrido; para isso fará marcas com um facão, faca ou canivete nas árvores, ou irá quebrando galhos da vegetação baixa, de modo que as pontas fiquem apontando para a direção seguida.

e. Todos esses recursos, ou quaisquer outros, serão fundamentais em se tratando da vida na selva, sendo mesmo normal que grupos já os tenham convencionados para os casos de necessidade.

f. Equipes de navegação têm condições de percorrer de 1,0 a 1,5 quilômetros por hora durante o dia e no máximo 300 metros por hora à noite quando não dispuserem de equipamentos de visão noturna.

4-6. NAVEGAÇÃO TERRESTRE DIURNA

a. Equipe de Navegação - Teoricamente uma equipe de navegação na selva compor-se-á de 4 homens:

(1) Homem-ponto: será aquele lançado à frente para servir de ponto de referência; portará um facão para abrir a picada e uma vara ou bastão descascado;

(2) Homem-bússola: será o portador da bússola e deslocar-se-á imediatamente à retaguarda do homem-ponto; deverá manter a bússola amarrada ao corpo para não perdê-la; quando não estiver sendo utilizada, deverá estar fechada. Fazendo uso da bússola no interior da selva, observa-se que os homens tendem a apresentar um desvio diferente para uma mesma distância e azimutes percorridos. O motivo ainda não foi comprovado, mais um dos fatores é a “PARALAXE” que ocorre devido ao ângulo que o indivíduo realiza a visada na bússola; sendo então conveniente que cada homem conheça seu desvio quando utilizar este instrumento. Para se verificar o desvio de cada homem são necessárias duas fileiras de placas paralelas, separadas por uma distância de 1000 metros e intervaladas de 25 metros cada uma, conforme a figura abaixo (Fig 4-4):

Fig 4-4. Obtenção do desvio lateral

Procedimento (exemplo)

(a) “Lançar” uma dupla da placa 4 para atingir a placa D seguindo o azimute pré-determinado. Um será o homem-bússola e, também, homempasso e o outro será o homem-ponto.

(b) Supondo-se que, após percorridos os 1.000 metros, a dupla abordou a placa B, conclui-se que o desvio do homem-bússola é de 50 metros para a esquerda.

(c) Será obrigatório, a partir de então, que este homem-bússola a cada 1.000 metros percorridos na selva realize uma correção de 50 metros para a direita.

(d) Se o desvio for superior a 150 metros o homem poderá estar fazendo uso incorreto da bússola.

OBSERVAÇÃO: Para fixar as placas deve ser utilizado o teodolito, que nos fornecerá maior precisão nos azimutes.

(3) Homem-passo: será aquele que se deslocará atrás do homem-bússola, com a missão de contar os passos percorridos e transformá-los em metros. Para desempenhar esta função, deverá ter passo aferido com antecedência, o que deve ser feito do seguinte modo:

(a) Em terreno de selva, medir e marcar, aleatoriamente, a distância de 300 metros, sendo 100 metros em terreno plano, 100 metros em descida e 100 metros em subida.

(b) Percorrer esta distância contando o número de passos simples para cada trecho de 100 metros.

(c) Obter a média e concluir: 100 metros são percorridos em P passos simples.

OBSERVAÇÃO: A utilização do passo simples é mais conveniente do que a do passo duplo. Nos deslocamentos haverá necessidade de parar, visando escolher caminhos, sendo assim é desejável ter sido obtido um número inteiro até então.

(4) Homem-carta: será o que conduzirá a carta (se houver) e auxiliará na identificação de pontos de referência, ao mesmo tempo que nela lançará outros que mereçam ser locados. É interessante que o homem-carta procure sempre o deslocamento através da “linha seca”, pois isto evitará o desgaste próprio e/ou do grupo no sobe e desce dos socavões.

OBSERVAÇÃO: Caso não exista carta, a equipe de navegação será reduzida a três homens. Existindo apenas 2, um será o homem-ponto e o outro acumulará as funções do homem-bússola com as do homem-passo. Será interessante e muito aconselhável que todos os homens que integram um grupo tenham conhecimentos do emprego da bússola e possuam o passo aferido, o que possibilitará o rodízio de funções. O uso do facão de mato será restrito quando não se quiser deixar pistas.

b. Técnica da Navegação - Duas situações distintas poderão apresentar- se, mas em ambas a técnica a observar será a mesma.

(1) O azimute é desconhecido - Será o caso em que o grupo está perdido e tentará encontrar um caminho para a salvação. Após um calmo estudo de situação, será selecionada uma direção da qual se tirará o azimute segundo o qual se navegará. Isso evitará que se caminhe em círculo (fato normal para quem, sem bússola, procura marchar na selva), ao mesmo tempo que permitirá, se necessário, retornar ao ponto de partida orientando-se pelo contra-azimute. Quer seja azimute ou contra-azimute, a técnica será:

(a) O homem-bússola lançará o homem-ponto à frente, na direção do azimute, até o limite de sua visibilidade; por deslocamentos comandados “um pouco para a direita”, ou “mais à esquerda” etc., o homem-bússola determinará, com precisão, o local onde o homem-ponto deve parar. Estando este parado, aquele se deslocará até ele e o fará dar um novo lance à frente, na direção do azimute de marcha, repetindo as operações anteriores. Será, portanto, uma navegação por lanços.

(b) O homem-ponto será comandado pelo homem-bússola; enquanto ele se deslocar, irá usando o facão para abrir picada e melhorar a visibilidade para os que vêm à retaguarda.

(c) O homem-passo seguirá aqueles dois, contando o número de passos; à medida que atingir 100 ou quantos passos convencionar, irá anotando- os em um cordão por meio de nós, pequenos galhos, folhas ou outro meio qualquer, de modo que, a qualquer momento, possa converter passos em metros e saber quanto andou. Tal procedimento será necessário porque poderá haver necessidade de retorno ao ponto de partida e, neste caso, será sempre útil saber que distância ter-se-á de marchar até ele; será, pois, fator de controle. Além do mais, caso haja uma carta e surjam acidentes dignos de serem locados, essa distância será necessária.

(d) o homem-carta, se houver carta, quando então procederá como foi descrito anteriormente.

(2) O azimute e a distância aproximada do objetivo são conhecidos; será o normal de um grupo em operações militares, mas poderá também ser o caso em que esses dados (azimute e distância) sejam fornecidos a um grupo perdido, por meio do rádio ou de uma ligação qualquer de avião para terra. Qualquer que seja a situação, a técnica será a mesma anterior. O que poderá acontecer é que o objetivo seja uma área pequena e perdida na imensidão da selva, o que exigirá uma outra técnica especial para a sua busca e localização. Isso porque será muito provável que tenha havido desvios na direção de marcha, bem como imprecisão na contagem das distâncias, fato aliás muito comum em se tratando de deslocamento na selva. A técnica atrás referida engloba quatro processos diferentes para a busca e localização de objetivos. Minemonicamente, poderão ser expressos pelas letras QC-R-OL.

(a) 1º Processo - Quadrado-Crescente (QC) (Fig 4-5) - Chegado ao ponto A (ponto inicial), escolhe-se um azimute, segundo o qual, 100 metros (medidos a passos), por exemplo, serão percorridos, chegando-se a B. Do ponto B outros 100 metros serão percorridos segundo um azimute tal que o ângulo B seja igual a 90º (reto), chegando-se a C. Do ponto C mais 200 metros serão vencidos segundo um outro azimute tal que o ângulo C seja reto, chegando-se a D. De D, mais 200 metros, ângulo D, reto, chegando-se a E. De E, agora, 300 metros, ângulo E, reto, e chegando-se a F. De F, outros 300 metros até G, sendo o ângulo F reto. E assim se prosseguirá, aumentando as distâncias de 100 em 100 metros, duas vezes seguidas, de modo que se irá envolvendo o ponto inicial A por meio de uma figura que, convencionalmente, se denominará quadrado crescente. Serão grandes as probalidades de se localizar o objetivo; as distâncias da marcha envolvente serão escolhidas naturalmente, após um estudo de situação. Os ângulos formados por duas direções sucessivas de marcha é que deverão ser sempre retos. Este processo simples de guardar e fácil de executar, deverá ser aquele que todo sobrevivente, ou grupo, deverá adotar porque, fatalmente, pelo menos um igarapé deverá ser encontrado.

Fig 4-5. Quadrado-Crescente (metros ou passos)

(b) 2º Processo - Retangular (R) (Fig 4-6) - Chegado ao ponto A (ponto inicial), escolhe-se um azimute segundo o qual serão percorridos, por exemplo, 200 metros (medidos a passo), e chega-se a B; em seguida, progredir apenas 100 metros segundo um azimute tal que o ângulo B seja igual a 90º (reto), e chega-se a C. De C, mais 200 metros segundo o contra-azimute daquele com que se marchou de A para B, e chega-se a D. De D, mais 100 metros, segundo o mesmo azimute que se marchou de B para C (azimute paralelo), e chega-se a E. De E, mais 200 metros, segundo o mesmo azimute com que se marchou de A para B (azimute paralelo), e chega-se a F. E assim se prosseguirá até encontrar o objetivo, ficando-se sempre em condições de retornar, se necessário, ao ponto inicial A, pois poderá ser preciso tentar uma outra direção inicial, que não a de A para B, segundo um outro azimute e uma outra distância a percorrer. Tal processo terá grande aplicação se for iniciado a partir de uma linha base (A-D-E-H-I-M) coincidente com um curso de água, uma estrada, uma picada, mesmo que não sejam retos, o que será normal na selva.

Fig 4-6. Retangular (metros ou passos)

(c) 3º Processo - “Off-Set” (O) (Fig 4-7) - Este processo é muito usado pelos pilotos de aeronaves e terá aplicação, também, na navegação terrestre na selva; apenas é um pouco particular, pois não se empregará em qualquer situação. Assim sendo, o quadro inicial para sua execução será o seguinte:

1) a equipe de busca encontra-se no ponto A e deseja deslocarse para P, conhecendo o azimute da direção AP, bem como a distância D entre eles; o ponto P, sabe-se, está localizado à margem de um curso de água ou estrada;

2) se a equipe marchar diretamente de A para P segundo o azimute conhecido, poderá acontecer que se desvie, o que será comum, e chegar ao curso de água ou estrada, à direita ou à esquerda do ponto P; tal fato obrigará a uma busca, sem se saber por onde começá-la, se pela direita, se pela esquerda; o conhecimento da distância D também é necessário, porquanto durante o deslocamento poderão ser encontrados cursos de água ou estradas que não sejam os que passam por P, isto é, estarão aquém do ponto buscado; então, tendo-se noção da distância, a dúvida não ocorrerá;

3) para evitar esses inconvenientes, a equipe aplicará o processo do seguinte modo: partirá de A, não com o azimute conhecido, mas com ele acrescido ou diminuído de 2, 3, 5, 6 graus (um estudo de situação aconselhará qual o número a adotar); conforme tenha sido adotado o acréscimo ou a diminuição, atingir-se-á a margem do curso de água ou estrada à direita ou esquerda do ponto P, em B ou C; restará, então, deslocar-se para P, acompanhando aquele acidente do terreno.

Fig 4-7. “Off-Set” (a ou b, ângulo somado ou subtraído do azimute da direção AP)

(d) 4º Processo - Leque (L) (Fig 4-8) - Este processo poderá ser empregado quando se presumir que o objetivo que se busca está próximo de um ponto já atingido pelo grupo. Assim, tendo chegado em A e verificado que, segundo o azimute seguido e a distância percorrida, aí deveria localizar-se o objetivo, mas que tal não aconteceu, aplica-se tal processo para localizá-lo. O procedimento será o seguinte:

1) parte-se de A, segundo um azimute escolhido e percorre-se uma distância determinada AB; sai-se de B, fazendo um pequeno percurso curvilíneo (conforme a figura), procurando retornar à direção original de marcha, em C, e daí até o ponto inicial A;

2) realizando as mesmas operações anteriores, faz-se o percurso A-D-E-A e outros mais; é necessário, porém, lembrar que essas distâncias a percorrer deverão ser pequenas, pois serão feitas mais por intuição, particularmente na marcha em curva e na retomada da picada original, para se retornar ao ponto inicial; será interessante, e recomendável mesmo, que no mínimo 2 homens sejam deixados no ponto inicial para, por meio da voz, de apito ou de outro processo qualquer, fazerem ligação com aqueles que realizam os percursos de busca do objetivo, orientando-os ao mesmo tempo.

Fig 4-8. Leque

c. Ultrapassagem de Obstáculos - Será normal em um deslocamento na selva encontrarem-se, na direção de marcha, os mais variados obstáculos: árvores caídas, buracos, galharia, barreiras quase na vertical, aclives e declives suaves ou fortes, chavascais (banhados, alagadiços), pantanais, igarapés (estreitos e largos, de fraca ou forte correnteza, rasos ou profundos), igapós, rios, lagos ou lagoas etc. Quando se marcha segundo um azimute, às vezes, será possível e compensador realizar um desvio do obstáculo encontrado; outras vezes não, sendo então necessário vencê-lo. Dentre a variedade de processos existentes para realizar um desvio ou transpor um obstáculo, serão apresentados os que se seguem:

(1) Desvio de um Obstáculo

(a) 1º Processo - Do ponto de referência nítido - Chegado ao obstáculo, escolhe-se um ponto bem nítido no lado oposto, para servir como referência. Efetua-se o desvio necessário, chega-se ao ponto e a marcha é reiniciada. Entretanto, o processo raramente terá aplicação prática quando se tratar de obstáculos de grandes dimensões, pois o mais difícil na selva será encontrar aquele ponto nítido. Por isso, quando se sair de um ponto em busca de outro, não esquecer de deixá-lo, antes, muito bem marcado, para facilitar o retorno, em caso de insucesso.

(b) 2º Processo - Da compensação com passos e ângulos retos (Fig 4-9) - Marcha-se na direção amarrada pelo azimute de marcha até o ponto A, frente ao obstáculo. De A vai-se a B, deslocando-se segundo um novo azimute, de modo que este forme com o de marcha um ângulo reto em A; neste deslocamento, contam-se os passos dados entre A e B (P passos). De B vai-se a C, deslocando-se segundo o mesmo azimute de marcha (será o azimute paralelo); também neste deslocamento contam-se os passos dados entre B e C (Q passos), para que não se perca a noção da distância geral do percurso realizado ou ainda a realizar. De C vai-se a D, deslocando-se segundo o contraazimute da direção AB, e percorrendo a mesma distância que se percorreu entre A e B, isto é, os mesmos P passos. Chegado em D, reinicia-se o deslocamento na direção dada pelo azimute de marcha original. Será normal ocorrerem pequenas diferenças em direção e em distância, quando se realizarem deslocamentos desse tipo, por causa dos acidentes e incidentes em terreno de selva; daí a necessidade de designar, no mínimo, 2 homens para utilizar a bússola e outros 2 para contar o número de passos, quando possível, para minimizar os erros.

Fig 4-9. Desvio de um obstáculo pelo processo da compensação com passos e ângulos retos

(2) Barreiras Verticais - A ação erosiva das chuvas e dos cursos de água (inclusive igarapés que dão vau de uma hora para outra, por ação de chuvas, transformam-se em profundas correntes velozes), freqüentemente cria nas encostas das elevações verdadeiros precipícios, quase verticais, que se anteporão a uma direção de marcha. Sempre que possível, tais obstáculos deverão ser evitados; entretanto, nem sempre isso será possível, havendo necessidade de serem transpostos, às vezes, com 5, 10, 20 ou mais metros de altura. Para vencê-los, a solução será procurar um caminho melhor e mais fácil, que não requeira meios materiais e técnica especial. Porém, será necessário não esquecer que, vencido o obstáculo, ter-se-á que reiniciar a marcha na sua direção original.

4-7. NAVEGAÇÃO TERRESTRE NOTURNA a. Equipe de Navegação - Será válido aqui tudo o que foi dito para a navegação diurna. Apenas alguns pontos terão que ser chamados à atenção. Assim:

(1) O homem-ponto deverá portar um bastão de 2 metros de comprimento, no qual será afixada uma tira ou fita luminosa (fosforescente), a fim de servir de objetivo para a visada do homem-bússola; esse bastão servirá também para ajudar a manter o equilíbrio e para esquadrinhar o terreno a percorrer. Duas tiras verticais de fita luminosa, separadas, aproximadamente de dois centímetros, deverão ser colocadas na parte posterior da cobertura da cabeça; uma tira apenas, poderá causar efeitos hipnóticos e prejudicar as visadas. Na falta de cobertura, deverão as tiras ser colocadas na gola da camisa. Se não se dispuser desse material luminoso, lançar-se-á mão da matéria fosforescente dos vagalumes, que existem aos milhares na selva, e mesmo de algumas folhas caídas que produzem luminosidade.

(2) O homem-bússola deverá portar uma bússola luminosa e tanto ele como todos os outros do grupo deverão estar bem familiarizados com seu uso, porque, à noite, o manejo será diferente e, conforme o tipo do instrumento, até a audição terá de ser empregada. Será o caso da bússola que possui anel serrilhado móvel, que gira para a direita e esquerda, fazendo um barulho característico - o clique - que representará um certo número de graus, conforme o tipo do aparelho. As mesmas identificações luminosas deverão ser portadas pelo homem-bússola para guiar os homens da retaguarda. Além disso, os lanços do homem-ponto deverão ser muito bem controlados pelo homembússola, uma vez que, durante a noite, a visibilidade restringir-se-á a uns 3 ou 4 metros com referência a sinais luminosos.

(3) O homem-passo, durante a noite, será mais importante que durante o dia. Deverá deslocar-se junto ao homem-bússola, para não se perder, e observará que a contagem de passos tornar-se-á uma operação monótona. Portará também referências luminosas.

(4) O homem-carta, sem visibilidade, não atuará; limitar-se-á a confrontar as distâncias percorridas com os acidentes geográficos encontrados e concorrer ao rodízio de funções, o que será muito importante na navegação noturna.

(5) Toda a equipe de navegação, ou grupo que a enquadra, deverá procurar deslocar-se com seus elementos o mais próximos uns dos outros; todos deverão portar identificações luminosas, bem como ter estabelecido entre si um código simples de sinais. Terão que redobrar os cuidados para não perder objetos ou equipamentos quaisquer. Se houver lampiões, lanternas ou lamparinas, as condições de marcha melhorarão sensivelmente.

b. Técnica da Navegação

(1) Com exceção do paladar, os demais sentidos serão bastante solicitados à noite.

(2) A vista, mesmo após adaptada à escuridão, sentir-se-á cansada ante o esforço duplicado para enxergar.

(3) O tato a todo momento estará em função, esquadrinhando o espaço à frente e dos lados, identificando possíveis obstáculos à progressão; os pés sondarão o terreno para a execução de um simples passo à frente ou para os lados; as mãos, por vezes, com o homem acocorado, realizarão as mesmas sondagens, inclusive acima da cabeça; caso se pretenda sentar ou deitar, a busca terá então de ser mais detalhada e demorada para evitar surpresas; a falta de um objeto exigirá um tateamento em todas as direções e alturas; para ir balizando a direção de marcha terão que ser procurados ramos frágeis e quebradiços.

(4) O olfato procurará identificar possíveis odores que sirvam para auxiliar a busca de um objetivo como os de cigarro aceso, de cozinha, de fumaça produzida por lenha de fogueiras, etc.

(5) A audição procurará identificar os sons comuns, bem como as distâncias em que são produzidos; poderão ocorrer ilusões, pois a selva afeta a noção de distância.

(6) Após essas considerações,e por experiências vividas, fácil é chegar à conclusão de que os deslocamentos noturnos não serão compensadores, sendo inclusive, perigosos. Entretanto, se necessários, poderão ser executados, pois sua técnica será a mesma que a da navegação diurna, tendo-se, porém, que levar em conta as observações anteriores.

Texto e Foto - Reprodução

Fonte: Web

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