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"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"

sábado, 10 de março de 2012

Alimentos de Origem Animal

6-11. GENERALIDADES Normalmente se obterá carne através da caça e da pesca. A carne tem um valor energético muito maior que os vegetais, pela quantidade de calorias que possui. Entretanto, é mais difícil de ser conseguida na selva, devendo o homem, para isso, estar altamente capacitado, conhecendo os hábitos diurnos e noturnos dos animais, seus “habitat”, seus rastros e locais de comedia, onde possa ser feita uma espera ou colocada uma armadilha para caça.

6-12. PREPARAÇÃO DA CAÇA

Para efeito do preparo, utilização e conservação, convenciona-se dividir a caça em:

a. Animais de Pêlo: antas, onças, veados, macacos, pacas, cutias, cutiaras, capivaras, etc.

(1) Uma vez abatido o animal, deve-se proceder à esfola. Pendura-se o animal pelos posteriores, abrindo-os para facilitar o trabalho. Faz-se uma incisão transversal na parte mais alta dos mesmos, abaixo dos joelhos, e outra longitudinal até as entrepernas. Com a ponta da faca inicia-se o esfolamento, liberando a pele do músculo de uma fina camada de gordura ali existente. Procede-se com os demais membros da mesma forma (Fig 6-23).

(2) Existem alguns animais, como os macacos, que permitem ser descamisados, isto é, uma vez feitas as incisões transversais e longitudinais, pela simples tração, o couro será destacado do músculo.

(3) Após esfolado ou descamisado, o animal será aberto pela linha do peito (linha branca) para a evisceração. Nesta operação dever-se-á ter um duplo cuidado: com a bexiga e com o fel. Para isso, coloca-se a ponta da faca protegida pelo indicador e, tracionando-se para a frente e para baixo, o animal estará aberto sem se correr o risco de perfurar a bexiga ou a bolsa biliar. Nos grandes animais, nenhuma parte das vísceras deverá ser aproveitada.

Fig 6-23. Para tirar o couro

(4) Alguns animais possuem glândulas subaxilares que, se não forem retiradas corretamente, poderão comprometer a carne e causar doenças (exemplos: mucura e cutia).

(5) Eviscerado e lavado, o animal estará pronto para a cocção que poderá ser para consumo imediato ou moqueado para uso posterior.

(6) A pele dos animais poderá ser aproveitada para abrigar, para colher água ou para simples adorno. Para isso, deverá ser estaqueada e posta a secar ao sol ou fogo.

(7) As carnes devem ser muito bem cozidas ou fritas para reduzir a possibilidade de transmissão de toxoplasmose. Para tanto, devem ser cortadas com pequena espessura visando destruir possíveis cistos.

(8) O sangue dos animais não deverá ser consumido “in natura”, pois poderá transmitir toxoplasmose. Poderá ser fervido e usado como tempero e complemento calórico após estar totalmente desidratado.

b. Aves: mutuns, jacus, nhambus-galinha, jacamins, papagaios, ciganas, socós, garças, etc.

(1) Abatida a ave, estando ela ainda quente, será fácil a retirada das penas. Outro processo para depenar é o caseiro, com o emprego da água quente, mas difícil de ser realizado em plena selva, além de moroso. Pode-se ainda retirar as penas juntamente com a pele, pelo descamisamento; embora seja um processo rápido, haverá a perda da pele como alimento que possui grande quantidade de calorias.

(2) O processo do barro é eficiente, porém demorado; consiste em ser a ave levada ao fogo envolta no barro; pelo calor haverá a desidratação e o tijolo assim obtido, quando partido, liberará a ave sem as penas.

(3) Das vísceras das aves podem ser aproveitados o coração, o fígado e a moela, sendo que desta pode-se extrair uma pequena quantidade de sal. Para isto, após bastante picada, é posta a ferver com água e, com a evaporação, restará uma pequena porção de sal em depósito. A quantidade assim obtida, embora insuficiente para salgar a ave, servirá para dar um paladar melhor à carne.

(4) Os ovos, tanto os das aves como os dos quelônios, podem ser conservados até 30 dias, quando cozidos em água e guardados em salmoura, ou então, após cozidos, esfarelados e postos ao sol para uma melhor desidratação.

c. Peixes

(1) Podem ser escamados, sempre da cauda para a cabeça, no sentido contrário ao das escamas.

(2) Há peixes, entretanto, cujo couro pode ser retirado juntamente com as escamas, numa operação mais rápida e higiênica. Escamado o peixe ou dele retirado o couro, cortam-se as barbatanas (dorsais e ventrais) e as nadadeiras e, pelo ventre, faz-se a evisceração (Fig 6-24).

(3) Das vísceras dos peixes, somente são aproveitáveis as ovas.

Fig 6-24. Limpeza de peixes

d. Animais de Terra

(1) Enquadram toda a variedade de lacertídeos, quelônios, ofídios e jacarés.

(2) Não devem ser consumidos lacertídeos que se deixem apanhar com facilidade ou que estejam doentes.

(3) Dos ofídios, quer sejam peçonhentos ou não, faz-se um corte longitudinal pelo ventre e pode ser esfolado ou descamisado pela tração; retirase um palmo a partir da cabeça e um a partir da cauda; feita a retirada das vísceras abdominais (evisceração), todo o ofídio pode ser consumido, sem qualquer outra preocupacão.

(4) Nos lacertídeos e jacarés, a carne mais indicada para o consumo é a da cauda. Ao preparar para o corte, devemos amarrar a boca e tomar cuidado com a cauda, mesmo depois da morte do animal, pois as contrações musculares e reflexos poderão gerar surpresas.

(5) Os quelônios (jabutis, tracajás, tartarugas, etc) podem ser levados inteiros ao fogo. Entretanto, convém bater com o facão nas laterais da carapaça ventral e, rompendo-a, pode o animal ser eviscerado, e, das vísceras apenas aproveitados os ovos, quando houver. O próprio casco pode servir de vasilha para a cocção do quelônio.

(6) Não esquecer que a fome sobrepuja toda repugnância.

6-13. TEMPEROS

a. Quando do preparo de alimentos, a falta de temperos na selva constituirá um outro problema, embora alguns vegetais possuam pequena salinidade.

b. Na selva, o sal poderá ser encontrado:

(1) nas cinzas, que possuem pequeno teor salino;

(2) no caruru, planta que, secada ao sol, queimada e lavada, fornecerá como resíduo um sal grosseiro;

(3) na moela das aves, que, após picada e fervida até a evaporação da água, por várias vezes, deixará um pequeno depósito com certo teor de sal;

(4) no sangue, que, posto a ferver até secar, também fornecerá sal.

6-14. CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS (Fig 6-25)

a. As carnes deverão ser cortadas em fatias finas, de no máximo 2 dedos de espessura, e submetidas a uma desidratação, pela defumação, salga ou moquém.

b. Por períodos de até oito horas as carnes que não forem desidratadas, defumadas, salgadas ou moqueadas poderão ser conservadas se forem armazenadas e protegidas no interior de igarapés, cujas águas são normalmente mais frias.

c. O sal, elemento higroscópico, auxiliará, de qualquer modo, a desidratação e a conservação das carnes.

d. Para maior proteção das carnes elas deverão ser guardadas envoltas em panos, papel ou folhas. Caso acumulem mofo, bastará raspá-las ou laválas, antes de serem preparadas para consumo.

e. Os amazônidas conservam os alimentos, normalmente peixes, através do processo conhecido por mixira, que consiste em derreter o óleo do animal (banha) em um recipiente e com aquele ainda quente imergir, totalmente, a carne cozida ou frita. No caso de pedaços espessos, a carne deverá ser cozida. Após o óleo solidificar-se o alimento continuará em condições de ser consumido durante o período de até 12 meses.

Fig 6-25. Conservação de alimentos

6-15. CLASSIFICAÇÃO DOS ANIMAIS Classificados dentro de uma sistemática, de acordo com suas características, hábitos e vivendas, estão relacionados a seguir os principais animais da rica fauna brasileira, principalmente da Região AMAZÔNICA, os quais interessam à sobrevivência na selva. No reino animal, o ramo dos vertebrados compreende as classes dos:

a. Mamíferos;

b. Aves;

c. Répteis;

d. Batráquios; e

e. Peixes.

6-16. CLASSE DOS MAMÍFEROS São animais que alimentam as crias com o leite das mamas. Têm pele frouxa e fina e o corpo mais ou menos coberto de pêlos. Compreende as ordens dos:

a. Desdentados

(1) Tatu - Apesar de classificado como desdentado, o tatu possui dentes, porém situados no fundo da boca. Morando em tocas profundas, prefere sair à noite para a procura de alimentos. Sua proteção é a carapaça óssea, em forma de placas, que o envolve, desde a cabeça até a própria cauda. Os tatus são onívoros e apresentam as seguintes espécies: tatu-canastra ou tatuaçu, que chega a pesar 50 quilos; tatu-peludo ou tatupeba, até 10 quilos; tatu-derabo- mole, até 10 quilos; tatu-bola ou apar, que se enclausura dentro da carapaça como defesa e mede uns 40 cm de comprimento.

(2) Tamanduá - São desdentados que se alimentam de formigas, cupins e ovos de aves, frutos, folhas e seivas. Não são agressivos e, se ameaçados, limitam-se a fugir ou a se defender com as unhas. Variedades: tamanduá-bandeira, que chega a medir 1,20 m de comprimento, mais a cauda, de tamanho equivalente, que lhe serve de cobertor; tamanduá-mirim, de porte menor, também conhecido como tamanduá-de-colete, pela disposição de sua pelagem.

(3) Tamanduaí - Possui garras semelhantes às da preguiça. É pequeno, 25 cm no máximo, gosta de morar em umbaúbas e prefere sair à cata de alimento à noite.

b. Roedores - São mamíferos que possuem os incisivos grandes.

(1) Capivara - É o maior roedor conhecido no mundo, pois chega a ter um metro e vinte de comprimento por sessenta centímetros de altura, pesando até 80 quilos. Vive próximo à água e prefere alimentar-se à noite. Possui pêlos sedosos e híspidos, pardo-avermelhados ou amarelados, cabeça alongada, crânio achatado e orelhas pequenas. Sua carne é apreciada, mas um pouco gordurosa.

(2) Cutia (Fig 6-26) - Roedor de corpo grosso, com 50 a 60 cm de comprimento e 3 a 5 quilos de peso, sem cauda, pêlos ásperos, pardos, amarelos e negros. Vive nas matas e tem hábitos diuturnos, geralmente faz sua toca entre as raízes das árvores. Alimenta-se de frutos e sementes e sua carne é muito saborosa, devendo, no entanto, ao ser preparada, serem retiradas as glândulas subaxilares anteriores e posteriores e a subcaudal. Existem mais de dez espécies diferentes.

Fig 6-26. Cutia

(3) Cutiara - Roedor menor que a cutia, que tem hábitos idênticos a esta e apresenta um pêlo pardo-avermelhado e uma pequena cauda de uns 8 cm. É também conhecida por cutia-de-rabo.

(4) Paca - Mamífero roedor, de pelagem marrom-chocolate ou marrom- avermelhada, com manchas brancas. De hábitos noturnos, passa o dia dormindo na toca, saindo à noite para se alimentar de frutas e raízes. Sua carne é muito apreciada, podendo também ser aproveitado o seu couro.

(5) Cuandu ou ouriço-cacheiro - Mede uns 60 cm de corpo e uns 50 cm de cauda. Tem o corpo recoberto de espinhos de até 10 cm de comprimento. Animal de hábitos noturnos, vive em tocas e ocos de pau e se alimenta de preferência de frutos: goiabas, bananas, ameixas, etc. Sua defesa consiste em liberar os espinhos quando atacado, contudo ele não é capaz de arremessá-los.

(6) Quatipuru - Pequeno roedor, de pelo vermelho vivo e cauda felpuda, mais comprida que o corpo. É essencialmente arborícola, sendo comumente encontrado em todo o BRASIL, pois está representado por cerca de 21 espécies. É também conhecido por esquilo, quatipuru e caxinguelê.

(7) Ratos do mato - São inúmeras as espécies de roedores com feitio de rato, seus comprimentos variam de 5 a 20 cm sem computar a cauda. Vivem em ocos de pau ou moitas de capim, a beira dos rios, lagos e igapós. Em sua maioria, possuem hábitos noturnos.

c. Ungulados - São mamíferos terrestres, de grande porte, geralmente herbívoros e cujos membros terminam em cascos, contínuos ou fendidos em duas partes.

(1) Anta (Fig 6-27) - É o maior mamífero terrestre da fauna brasileira, chegando a medir 2 m de comprimento por 1,10 de altura e peso de até 300 kg. Tem o corpo maciço e a cabeça é grande, volumosa e triangular quando vista de perfil; as orelhas são grandes, os olhos pequenos, o pescoço curto e o focinho em forma de pequena tromba móvel. Seu pêlo é cinza-escuro. É encontrada geralmente nos “barreiros”. Sua carne é boa. É conhecida também por tapir.

Fig 6-27. Anta ou tapir

(2) Veado ou Veado-mateiro (Fig 6-28) - Mamífero ruminante muito veloz e tímido. Alimenta-se de frutos e leguminosas. Atinge 1,40 m de comprimento por 0,65 metros de altura e tem a cor castanho-ferrugem. Devido à troca de seus chifres, os machos poderão estar, em determinados períodos, sem nenhum. As fêmeas não possuem cornos. Sua carne é muito apreciada. O veado pode atingir 40 quilos.

Fig 6-28. Veado

(3) Caititu (Fig 6-29) - Espécie de porco-do-mato, com cerca de 90 cm de comprimento e 30 a 40 cm de altura. Tem cauda curta, pernas delgadas e cerdas rijas de cor cinza-escura com salpicos brancos, com uma coleira esbranquiçada no pescoço, do peito às costas. Anda em varas de 5 a 10 elementos e é menos agressivo que o queixada. É também denominado cateto, coleira-branca ou tateto.

Fig 6-29. Caititu

(4) Queixada - Morfologicamente, assemelha-se ao caititu, mas é um pouco maior, atingindo mais de 1(um) metro de comprimento. Apresenta pequena mancha branca no queixo e é mais feroz que o caititu, inclusive por andar em varas bem mais numerosas. São agressivos e perigosos, possuem presas afiadas e investem sobre a vítima em grande número. Normalmente, a solução para não ser atacado consiste em subir em uma árvore, aguardando lá até que a vara se afaste. Sua carne é desprovida de gordura, porém muito apreciada pelos caçadores.

d. Carnívoros - São mamíferos que se caracterizam, principalmente, por possuírem os caninos avantajados.

(1) Jaguatirica (Fig 6-30) - Mamífero da AMÉRICA DO SUL que atinge 85 cm de comprimento (corpo) e 50 cm de altura e tem a cor amarelada, com numerosas manchas arredondadas, orladas de preto. Vive nas matas, nada bem e trepa em árvores com facilidade. Alimenta-se de aves e mamíferos.

(2) Gato Maracajá (Fig 6-31) - Parecido com a Jaguatirica, porém menor, raramente atinge 0,30 metros de altura. Possui olhos grandes que, no escuro, podem ser confundidos com os de uma onça. Possui grande habilidade, é capaz de saltar de um árvore para outra e também de fixar-se a um galho com apenas um dos membros anteriores. Alimenta-se de pássaros e pequenos mamíferos.

Fig 6-30. Jaguatirica

Fig 6-31. Gato maracajá

(3) Onça-pintada (Fig 6-32) - Mamífero felídeo, encontrado do MÉXICO à PATAGONIA. É vigorosa, atinge 1,20 m de comprimento sem a cauda, por 0,85 metros de altura, e tem a pelagem amarelo-ruiva, com cinco séries de rosetas pretas nos lados. Dificilmente ataca o homem, preferindo os porcos-do-mato, as capivaras e os veados.

Fig 6-32. Onça pintada

(4) Suçuarana - Habita o continente americano e tem o corpo delgado, embora seu porte atinja 1,20 m de comprimento por 0,70 de altura, e cerdas de tom vermelho-queimado, mais escuro no dorso. Caça de noite, atacando geralmente todos os animais, mostrando-se, entretanto, tímida em relação ao homem. É também chamada onça-parda, onça-vermelha e puma.

(5) Cachorro-do-mato - Mamífero carnívoro, de cor pardo-cinzenta, de orelhas curtas e focinho denegrido. Mede, aproximadamente, 70 cm de comprimento. Vive nas matas e alimenta-se de pequenos mamíferos e aves.

(6) Jupará - Carnívoro, que tem cerca de 0,80 metros de altura, encontrado no Norte do BRASIL. Devido a uma cauda que permite agarrar é confundido com os macacos. Caça à noite e alimenta-se de pássaros e pequenos roedores. Devido às características citadas é confundido com o macaco-da-noite.

(7) Lontra - Carnívoro de comprimento em torno de 70 cm e mais 30 cm de cauda. De cor geralmente marrom-café, alimenta-se de peixes e aves aquáticas e é um pouco menor que a ariranha. Prefere sair à noite e passar o dia entocada nos barrancos de rios e igarapés.

(8) Irara - É encontrada em todo o BRASIL. Carnívoro de corpo baixo e longo e cauda curta, num total de 1,10 m de comprimento, tem a cor pardacenta e habita as matas, costumando caçar à noite de preferência aves, pequenos mamíferos e ovos, frutas e mel.

(9) Quati - Pequeno carnívoro de hábito arborícola que mede cerca de 70 cm de comprimento e 50 cm de cauda. A cor geral é cinzento-amarelada. Percorre a selva de dia, alimentando-se de pássaros, ovos, insetos e frutos. Revolve com o focinho o humo à procura de vermes e larvas, vive em família, é muito inteligente e valente.

e. Primatas - São mamíferos que possuem os pés quase semelhantes às mãos.

(1) Macaco-prego - Símio pequeno, conhecido no Sul como mico. Sua cor varia do amarelo-palha ao marrom; vive em bandos e seu grito parece um assobio. Familiariza-se com o cativeiro.

(2) Macaco-cairara - Espécie de macaco da AMAZÔNIA, de pêlo amarelado e mãos brancas.

(3) Macaco-barrigudo - Mede 60 a 70 cm de comprimento, mais a cauda que é extensa. A pelagem é densa e lanosa, de cor cinzento-escura, e a cauda pode agarrar objetos. É um macaco gordo, pesado, ventrudo e comilão.

(4) Guariba - Tipo do macaco conhecido pelo poderio de sua voz, devido ao grande desenvolvimento do osso hióide, que funciona como caixa de ressonância. São corpulentos, porém ágeis, e têm a cabeça maciça, o queixo barbado, nos machos, e pêlos ruivo-afogueados. Vivem em bandos, alimentam- se de frutos e sementes e movimentam-se pelas copas das árvores.

(5) Cuatá ou macaco-aranha - Comum na Amazônia o macaco cuatá chega a atingir 1,50 m de comprimento. Caracteriza-se pelas extremidades e cauda muito longas, sendo esta quase igual ao seu comprimento total. Tem a pelagem preta e é facilmente domesticável. Sua carne é reputada como a melhor caça da AMAZÔNIA.

(6) Mico-de-cheiro ou jurupixuna ou boca-preta - Seu nome vem da mancha preta ao redor da boca; vive em pequenos bandos.

(7) Existem outras dezenas de espécies, tais como: macaco-leão; paruaçu; macaco-duas-cores; cuxiú; entre outros.

f. Marsupiais - Mamíferos que possuem bolsa cutânea no ventre.

(1) Mucura - Mamífero marsupial de hábito noturno, do porte de um gato e de pelagem cinza-avermelhada. Dentro da bolsa marsupial acham-se as tetas, onde se agarram os filhotes. Alimenta-se de frutos, vermes e larvas. Bem preparada, sua carne é saborosa.

(2) Gambá - Marsupial de porte menor que a mucura, de hábitos noturnos, preferindo aves, frutos e pequenos animais para sua alimentação. Seu pêlo é composto de cerdas longas, pretas e brancas, mescladas. Retirandose a glândula fétida dos gambás, sua carne é tenra e saborosa como a de galinha.

6-17. CLASSE DAS AVES

São vertebrados ovíparos, de corpo coberto de penas e membros anteriores transformados em asas. Compreendem as ordens:

a. Rapinantes (Falconiformes) - Têm bicos aduncos e garras terminadas em unhas possantes, possuem hábitos diurnos. São as aves conhecidas como águias ou gaviões. Têm os pés nus providos de garras fortes e afiadas. Só se alimentam de animais. As espécies mais comuns da Amazônia são: gavião-real (Fig 6-33) ou harpia, uiraçu-falso, gavião-carijó, gavião-pegamacaco, gavião-pedrês e gavião-cabloco.

Fig 6-33. Gavião real

b. Corujas (Strigiformes) - São aves de bicos aduncos e curtos, bastante afiados, olhos grandes localizados na frente e no centro do rosto além de garras bastante afiadas. Existem espécies de hábitos diurnos e outras de hábitos noturnos. As espécies mais comuns na Amazônia são: suindara ou coruja-dasigrejas; corujinha-do-mato; corujinha-orelhuda; murucututu; coruja-preta e caburé.

c. Papagaios e Araras (Psittaciformes) - São aves de bicos aduncos e grandes com mobilidade tanto na parte superior quanto inferior, pés com dois dedos voltados para frente e dois para trás. Possuem colorido muito variado e vozes bastante estridentes. Esta ordem reúne as araras, papagaios, curicas, periquitos e semelhantes. Alimentam-se de frutos e sementes e têm hábitos diurnos. Existem centenas de espécies entre as mais conhecidas podemos citar: arara-canga; arara-canindé; papagaio-do-mangue; papagaio-moleiro; papa-cacau; maracanã; guaruba; periquito-rei e marianinha.

d. Tucanos e Pica-paus ( Piciformes) - São aves de bicos grandes e pés com dois dedos voltados para frente e dois para trás. Nesta ordem encontramos os pica-paus, joão-bobos, araçaris e tucanos. Na floresta as espécies mais comuns são: capitão-do-mato, rapazinho-carijó, joão-bobo, pica-pau-antão, pica-pau-de-cabeça-amarela, araçari-miudinho, araçari-de-bico-marrom, tucano- de-bico-preto e tucano-açu.

e. Galináceos (Galiformes) - São aves corpulentas de bico curto, semelhantes à galinha e ao peru. Alçam vôos curtos, alimentam-se de grãos e larvas. Dentre as aves são as que têm a carne mais apreciada. Entre as diversas espécies, são comuns na Amazônia: aracuã-pintado, jacupemba, jacu, jacumirim, mutum-fava, mutum-poranga, mutum-de-penacho (Fig 6-34) e urumutum.

f. Garças (Ciconiformes) - São aves esbeltas de pernas e dedos compridos, pescoço fino e bico longo e pontiagudo. Esta ordem reúne as garças e socós. Na Amazônia podemos encontrar: socó-grande, garça-branca-grande, garça-azul, garça-vaqueira, socozinho, garça-real, socó-boi (Fig 6-35), arapapá, maguari e jaburu.

Fig 6-34. Mutum-de-penacho

Fig 6-35. Socó-boi

g. Patos e Marrecos (Anseriformes) - São aves que apresentam bicos achatados, as pernas são curtas e nos pés observamos os dedos unidos por uma membrana natatória. Estão sempre próximas à água. São elas: as marrecas, os patos e os cisnes. Na Amazônia podemos encontrar: marrecacaneleira, marreca-cabloca ou asa-branca, pato-corredor, ananaí, pato-decrista e pato-do-mato.

h. Passarinhos (Passeriformes) - São aves pequenas de bicos e pernas curtas, geralmente cantam harmoniosamente. São animais muito raros de serem vistos na floresta, normalmente apenas os ouvimos. As mais conhecidas da Amazônia são: uirapuru, corneteiro-da-mata, papa-formigas, chororó, rouxinol- do-rio-negro, sabiá-ferrugem, sabiá-poca, saíras, sanhaços, tem-tens e tiés.

i. Pombas (Columbiformes) - São aves de corpo pesado e cabeça pequena, conhecidas como pombas, rolas ou jurutis. As mais comuns da Amazônia são: pomba-carijó, pomba-galega, pomba-amargosa, juriti e pariri.

6-18. CLASSE DOS RÉPTEIS São vertebrados de corpo alongado e se locomovem por movimentos de reptação. São ovíparos e têm o corpo coberto de escamas. A classe reúne três ordens:

a. Quelônios - Possuem notável carapaça óssea dorsal e ventral, protegendo todo o corpo.

(1) Tartaruga-grande-do-amazonas - Habita os rios da bacia AMAZÔ- NICA. Atinge 1(um) metro de comprimento por 60 cm de largura; de cor pretocinzenta, sua carne é muito apreciada, bem como seus ovos.

(2) Tracajá - Quelônio de pequeno porte, com cerca de 40 cm de comprimento por 30 de largura, cuja carne e ovos são muito apreciados.

(3) Jabuti - Mede de 30 a 40 cm até 1(um) metro (jabutiaçu) de comprimento. Alimenta-se de frutas caídas. Prefere as encostas próximas aos cursos de água. Sua carne e ovos são considerados excelentes.

(4) Outras variedades de quelônios: matamatá, iaçá, cabeçuda etc.

b. Sáurios - Compreendem duas famílias:

(1) Lacertídeos - Firmam-se em 4 membros e são ágeis.

(a) Jacuruaru - Lacertídeo de grande porte, podendo atingir até 80 cm de comprimento. É frugívoro, insetívoro e carnívoro. Tem cor geral olivácea, com exceção da cabeça que é amarelada, cauda longa e achatada e gosta de viver próximo à água.

(b) Calango - Tipo de lagarto também conhecido como taraguira. Vive no chão e é de colorido azul na frente e verde atrás, com linhas negras.

(c) Lagartos - Existem 2.500 espécies de lagartos, sendo o maior número encontrado nos trópicos. Possuem grande capacidade de regeneração dos tecidos. Alimentam-se de vermes, insetos e alguns moluscos. Têm vida longa (mais de 20 anos).

(2) Ofídios - (Ver Artigo II do Capítulo 3). c. Crocodilianos - São répteis de porte avantajado, de dentes cônicos e implantados nas mandíbulas. São muito temidos. No BRASIL há 6 espécies de jacarés, distribuídos por 3 gêneros. Os mais conhecidos são:

(1) Jacaré-de-papo-amarelo - Muito arisco e agressivo, é encontrado no pantanal.

(2) Jacaretinga - De menor porte.

(3) Jacaré-açu - Agressivo, de cor preta com listras amarelas, de grande porte, atingindo até 5 metros de comprimento.

6-19. CLASSE DOS ANFÍBIOS São vertebrados de sangue frio e dupla respiração, branquial e pulmonar.

a. Sapo - Batráquio desdentado e temido, abrange inúmeras famílias, das quais os exemplares mais conhecidos são: sapo-cururu (Fig 3-1), sapo-boi e sapo-ferreiro.

b. Salamandra - Tem o corpo desprovido de escamas e pele macia e úmida. Vive em terra firme, preferindo lugares úmidos e escuros.

c. Rã - Batráquio que, após sua evolução na água, passa a viver na beira de charcos, lagos ou rios. A rã possue dentes. Atinge 15 cm de comprimento e tem cor parda. Como alimento, sua carne é bastante apreciada.

Fig 3-1. Sapo cururu

6-20. CLASSE DOS PEIXES São vertebrados adaptados essencialmente à vida aquática. Tem os corpos alongados, providos de barbatanas ou nadadeiras para locomoção. São ovíparos e de respiração branquial. Das espécies de água doce as principais variedades são:

a. Pirarucu - O chamado bacalhau brasileiro é o maior peixe de água doce da AMAZÔNIA; atinge mais de 2 metros e há exemplares com 100 quilos de peso. É uma espécie importante, pelo grande desenvolvimento que adquire e por servir à nutrição de grande parte da população amazônica.

b. Tucunaré - Peixe que alcança 8 quilos. Sua coloração é viva, onde se misturam o vermelho, o amarelo, o verde e o negro; apresenta dois ocelos, de cada lado da cauda, em ouro-gema sobre fundo negro. Faz ninho no chão e ali desova. Habita águas claras, como as do Rio BRANCO, e águas negras, como as do Rio URUBU, afluente da margem esquerda do AMAZONAS, sendo encontrado ainda em toda a Bacia AMAZÔNICA. Sua carne, um tanto seca, mas delicada e rica em elementos nutritivos, é muito apreciada.

c. Jandiá - É o mesmo peixe conhecido no sul do país como jundiá. É um bagre dos mais procurados, pela carne delicada, onde uma fina camada de gordura empresta-lhe incomparável sabor.

d. Pirapitinga - Peixe de vasta distribuição geográfica na AMAZÔNIA, é frugívoro e um pouco menor que o tambaqui, ao qual é semelhante, desde as espinhas grandes ao sabor da carne.

e. Piraíba - Tipo de bagre que atinge 3 metros de comprimento por 1,40 m de circunferência. De focinho achatado e cor bronzeada, dá enormes saltos fora d’água, mostrando todo o corpo. Sua carne é muito procurada, principalmente a dos filhotes.

f. Sarapó - Peixe de larga distribuição em toda a AMAZÔNIA. De colorido variado e de maxilares proeminentes e dentes cônicos, chegam a 3 palmos de comprimento. Possui carne tenra e de ótimo sabor. São suas variedades: tuvira e ituí.

g. Matrinchão - Peixe de águas amazônicas, de cor geralmente oliváceodourada e de corpo alongado, atingindo 50 cm de comprimento. Sua carne é boa.

h. Aracu - Peixe da AMAZÔNIA que corresponde à piava do Sul. De tamanho médio (um palmo) e 300 g de peso, sua carne não é das melhores, mas, pela abundância, sua pesca é rendosa.

i. Jaraqui - Peixe de escamas, vulgar na AMAZÔNIA, vivendo entre detritos de madeiras submersas e no lodo. Sua carne é excelente, apesar das espinhas no lombo, que são numerosas.

j. Tambaqui - Peixe que atinge mais de um metro de comprimento e ultrapassa trinta quilos. É frugívoro e sua carne é muito apreciada, sendo encontrado em toda a região Amazônica. l. Poraquê - Semelhante a uma enguia (de ambiente marinho) ou muçum, carnívoro ou frugívoro, é largamente conhecido pelos choques fulminantes que dá em suas vítimas.

Texto e Foto - Reprodução

Fonte: Web

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