Página Inicial / homepage  -   Entre no fórum/participe
"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"

sábado, 10 de março de 2012

Orientação

4-3. GENERALIDADES

A densidade da vegetação torna a selva “toda igual”; nela não haverá pontos de referência nítidos. Mesmo aqueles que já possuem alguma experiência não confiam muito em possíveis referências, porque tudo se confunde devido à repetição contínua e monótona da floresta fechada; os incontáveis obstáculos constantemente causarão desequilíbrio e quedas, tornando difícil a visada permanente sobre determinado ponto; a necessidade de saber onde pisar ou colocar as mãos desviará, por certo, a direção do raio visual; e, finalmente, a própria densidade da vegetação só permitirá que se veja entre a distância de 10 a 30 metros à frente, quando muito. À noite nada se vê, nem a própria mão a um palmo dos olhos. O luar, quando houver, poderá atenuar um pouco essa escuridão, sem contudo entusiasmar o deslocamento noturno. O copado fechado das árvores não permitirá que se observe o sol ou o céu, a não ser que se esteja em uma clareira, o que, ainda assim, não significará que se possa efetivamente observá-los, de dia ou de noite, para efeito de orientação, pois haverá constantemente a possibilidade do céu nublado. Por tudo isso, os processos de orientação na selva sofrerão severas restrições e, por já constarem de outros manuais, serão aqui apresentados de modo muito geral. Serão, também, feitas referências ao hemisfério norte tendo em vista que parte da Selva AMAZÔNICA pertence àquela parte do globo terrestre.

4-4. PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO

a. Orientação pelo Sol - Nascendo o sol a leste e pondo-se a oeste, a perpendicular mostrará a direção norte-sul. Devido à inclinação variável do globo terrestre nas várias estações do ano, este processo deverá ser utilizado somente para se obter uma “direção geral” de deslocamento.

b. Orientação pelo Relógio - Colocando-se a linha 6-12 horas voltada para o sol, a direção norte será obtida com a bissetriz do ângulo formado pela linha 6-12 horas e o ponteiro das horas, utilizando o menor ângulo formado com a direção 12 horas (Fig 4-1). No caso do hemisfério norte, a linha a ser voltada para o sol será a do ponteiro das horas, e a bissetriz do ângulo desta linha com a linha 6-12 horas dará a direção sul. Trata-se de um processo que apresenta consideráveis alterações nas estações do verão e inverno austrais, devido à inclinação do globo terrestre e a direção em que o sol incide sobre ele, também nas regiões próximas ao Equador, que é o caso da maior parte da Amazônia Brasileira. Porém, pode ser utilizado, sem maiores restrições, nas estações da primavera e outono se o indivíduo ou grupo souber em qual hemisfério se encontra.

Fig 4-1. Processo do relógio (para quem está no hemisfério Sul)

c. Orientação pelas Estrelas

(1) Estrela Polar - No hemisfério norte, o alinhamento observadorestrela Polar dará a direção N-S. Essa estrela poderá ser identificada pelas duas mais afastadas da constelação Ursa Maior, chamadas indicadoras (Fig 4-2).

(2) Cruzeiro do Sul - No hemisfério sul, prolongando-se 4 vezes e meia o braço maior da cruz, ter-se-á o sul no pé da perpendicular baixada, desta extremidade, sobre o horizonte (Fig 4-3).

Fig 4-2. Orientação pela Estrela Polar

Fig 4-3. Orientação pelo Cruzeiro do Sul

d. Observação dos Fenômenos Naturais - A observação de vários fenômenos naturais também permite o conhecimento, a grosso modo, da direção N-S. Assim, os caules das árvores, a superfície das pedras, os mourões das cercas etc., são mais úmidos na parte voltada para o sul. Entretanto, pela dificuldade de penetração da luz solar, não será comum na selva a observação desses fenômenos.

e. Construção de Abrigos pelos Animais - Os animais, de modo geral, procuram construir seus abrigos com a entrada voltada para o norte, protegendo- se dos ventos frios do sul e recebendo diretamente o calor e a luz do sol. No interior da selva amazônica, devido à proteção que ela proporciona barrando os ventos frios, este processo de orientação não apresenta grande confiabilidade.

f. Orientação pela Carta - As cartas do interior da selva são produzidas a partir de fotografias aéreas que, ao basear-se nas copas das árvores, não apresentam a mesma fidelidade obtida em outras regiões. Porém, é possível ao indivíduo ou grupos se orientarem por cartas com escala igual ou inferior a 1/50.000. Especial atenção deve ser dada na observação das depressões do terreno, porém, para longos deslocamentos é conveniente utilizar este processo aliado à orientação pela bússola.

g. Orientação pela Bússola - Será o único processo que se mostrará eficaz, mesmo à noite. Daí a recomendação: “quando se penetra em área de selva, por via terrestre ou aérea, não esquecer de incluir no equipamento uma bússola protegida por plástico”. Ela poderá vir a ser a salvação do sobrevivente, e talvez a única. Por ela, de dia ou de noite, saber-se-á sempre onde fica o norte. Se em seu limbo houver luminosidade, inclusive a navegação noturna será possível, porém, o deslocamento será penoso e, geralmente, pouco compensador. A técnica de emprego é a conhecida. Entretanto, quando houver mais de um homem, um deles substituirá o ponto de referência, será o homem-ponto, enquanto aquele que ficar manejando o instrumento será o homem-bússola.

h. Orientação pelo “Global Position Sistem” (GPS) - A orientação pelo GPS dependerá da potência do sinal recebido dos satélites. No interior da selva a recepção deste sinal é prejudicada pela cobertura vegetal ficando a utilização do GPS restrita às áreas de céu aberto. O GPS poderá ser utilizado para auxiliar na orientação e navegação na Amazônia, principalmente quando em rios, igarapés e regiões descampadas. O GPS além de fornecer coordenadas geográficas do local, uma vez registrado um azimute, também permite navegar seguindo aquela direção, pois ao afastar-se da mesma emitirá um aviso sonoro.

Texto e Foto - Reprodução

Fonte: Web

Seguir no Twitter Siga Bushcraft Minas no Twitter
Deixe seu comentário

Nenhum comentário:

Postar um comentário